"E quando eu o vi parecendo um anjo, via face do mal ao mesmo tempo, então entreguei ao anjo minha alma e meu beijo". Enquanto eu lia um livro qualquer eu ainda podia vê-lo ao fundo, deitado em minha cama enquanto o sol iluminava meu quarto por inteiro, e um cheiro doce de eucalipto entrava pela janela. E eu lembrei da minha infância numa cabana qualquer no meio do mato, e do rio, e de todas aquelas pinturas rusticas que minha tia desenhava em um quadro branco. Eu pude sentir de novo aquela tal brasinha de esperança que a tempos tinham me levado embora. Mas por alguns minutos, até aquele demônio com cara de anjo desaparecesse da minha vista, e se tornasse um garotinho assustado.
Então eu ainda me surpreendo em perder partes importantes do meu coração, ainda tento entender coisas incompreensíveis, porque por dentro eu não sinto falta, eu não me importo com aqueles que irão me deixar, eu só não quero me perder na minha própria bagunça de sentimentos.
Espero a dor passar de novo, coloco uns curativos a prova d'água, tomo um chá quente enquanto olho a chuva que, como um passe de mágica, começou a gotejar na minha janela, faço desenhos no vidro embaçado, procurando algo que vá me fazer parar de procurar por mim mesma pelo mundo à fora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário